segunda-feira, 30 de junho de 2008

EX LIBRIS EROTICIS ("Dos Livros Eróticos")

Nos meus tempos de jovenzinho, em que ainda andava a descobrir o Mundo, não era muito comum ser confrontado com qualquer tipo de nudez ou referência mais ou menos erótica que fosse num qualquer livro de BD, televisão ou cinema. Não é que não existissem, pois existiam; basta lembrar a – tristemente – famosa Linda Lovelace, a bela Erika Blank ou, melhor, a Sylvia Kristel, que como a Erika foi estrela nos filmes Emmanuelle. Se a Linda Lovelace ficou conhecida por um filme pornográfico, terceiro escalão – que foi o mais visto da história da pornografia – as outras ficaram conhecidas por um filme erótico que ultrapassou todas as barreiras, na época, do aceitável. Este filme Francês levou o erotismo ao rubro, mostrando masturbação, violações e, claro, pompoarismo - hoje em dia bem mais em voga e por razões bem diferentes (técnicas de parto natural); O pompoarismo é uma técnica oriental já muito antiga, que consiste na contracção e relaxamento dos músculos do períneo e tem por fim primordial aumentar o prazer sexual tanto feminino como masculino…espero ter satisfeito a curiosidade de quem, eventualmente, nunca tenha ouvido falar da técnica! No caso do parto natural, prende-se com o facto de ajudar a parturiente a focar-se instintivamente no local e a controlar a força necessária para "expelir" o bebé, enquanto debaixo do efeito da epidural.
Esta receita para o sucesso foi adaptada à BD por vários autores, em especial os Italianos, e é destes que esta primeira parte destes posts sobre o erotismo se irá focar.
Também posso referir, desde já, que nessa época – os anos 70 – existiam revistas onde predominava a nudez. Revistas como a Gaiola Aberta, Zakarella, O Mundo do Riso (isto para não falar da mítica e muito rica em textos, no mínimo flamboyants, Gina… mas isso é outra conversa e muito pouco bedéfila por sinal, embora bastante gráfica nos seus desígnios!) e muitas outras que traziam sempre um picantinho dentro delas. Mas os jovenzinhos de outrora não tinham acesso a elas como agora têm os jovenzinhos dos tempos correntes, tal é o poder da Internet.
Terei que, obrigatoriamente, dividir este tema em partes, pois é tão vasto o assunto na BD. Acredito que começar pelos autores Italianos, que tão bem conseguiram e conseguem atingir níveis de elevada qualidade, seja a escolha acertada e de chave-de-ouro para abrir este tópico. A seu tempo verei se valerá o esforço redigir mais sobre o assunto. Quem já na BD não leu, ou pelo menos ouviu falar de Milo Manara, Guido Crepax, Vittorio Giardino ou P. Euleteri Serpieri, entre aqueles mais directos autores do género erótico? Ou outros, talvez não tão conhecidos, que sempre primaram por desenhar belas donzelas nas suas obras, como são os casos dos autores Roberto Raviola, Massimo Rotundo, Franco Saudelli e sua esposa Francesca Casotto (que servia de modelo para as suas criações), Gaetano Liberatore ou mesmo Raphael Marcello.
Neste post ir-me-ei basear numa das obras-primas dos livros sobre Banda-Desenhada, “Tentação à Italiana”, escrito pelo Brasileiro Gonçalo Júnior, editado em 2005 pela Opera Graphica Editora; também, na minha memória de muitas leituras sob e sobre o assunto, assim como na minha colecção que conta com largas dezenas – arriscaria centenas – de álbuns e revistas da especialidade…caso para exclamar: “Belo tarado, que este me saiu!!!” Não poderia começar a escrever sobre os autores acima referidos sem primeiro evocar o pioneirismo de “Barbarella”. Esta heroína foi criada por um Francês, de seu nome Jean-Claude Forest em 1962 e foi um marco de viragem na História da BD no Mundo. Seria também importante referir todas as influências que este autor teve para criar a voluptuosa Barbarella (inspirada na sex-bomb Brigitte Bardot, embora tenha sido representada no cinema pela também bombástica Jane Fonda); influências provenientes do cinema Francês e Italiano que pelo cunho dos seus principais autores exploravam na época a condição feminina (nem sempre em tom abonatório desta, frise-se); outras influências, como a Norte-Americana, quer através dos desenhos de Al Capp, Milton Caniff, Harvey Kurtzman, do grande Jim Holdaway e claro, do Rei das pin-ups, Bill Ward, foram fortes e incontornáveis para este boom criativo do erotismo neste Francês e posteriormente na escola Italiana; isto sem querer descurar Hollywood e as suas bomb-shells. O sucesso da bela e sensual astronauta levou ao aparecimento de outras aventureiras de belas curvas: Jodelle (Guy Pallaert e Pierre Bartier); Marie Math (do próprio Forest); Saga (Nicolas Denil); Vampirella (James Warren, Forrest J. Ackerman e Frank Frazetta); Zakarella (dos nossos Roussado Pinto e Carlos Alberto dos Santos); Scarlet Dream (Gigi e Moliterni); Epoxi (Paul Cuvelier e Jean Van Hamme…e estaria aqui a escrever linhas e linhas de outras heroínas e seus autores.

Creio que deu para perceber, embora de modo extremamente sucinto, os antecedentes dos mestres Italianos do erotismo os quais, nos próximos parágrafos, vou abordar. Friso que apenas roçámos o tópico, que para ser devidamente explorado teria que dedicar-lhe muitos e muitos mais capítulos.

GUIDO CREPAX:
GUIDO CREPAX (Guido Crepas. Milão. 15/07/1933 – 31/07/2003)
Em 1962, na senda da edição dos primeiros álbuns de luxo com obras de abordagem experimental - sinal de permissividade que após alcançada possibilitou o lançamento de variadíssimas publicações para adultos - surgiu o movimento denominado por “Black comics”, marcado por aventuras a preto&branco (mas onde o elemento que movia o desenho era apenas o preto) de mistério e suspense onde abundavam os elementos sádicos e, progressivamente, eróticos que vieram fortemente a influenciar Guido Crepax. Na linha “Black Comics” destaco a criação das irmãs Angela e Luciana Giussani, “Diabolik” (1962 - um estrondoso sucesso e precursora da utilização do “K” como elemento perverso de associação teutónica).
Depois de muita tinta derramada em Itália devido ao crescente de vozes contestatárias à proliferação de edições para adultos, onde já tudo valia (do fetichismo à zoofilia passando pela flagelação), e depois de terem sido rechaçadas pela liberdade de impressa e ideias, o Guido lançou a sua incontestável heroína fotógrafa – inspirada na actriz Louise Brooks – nas páginas da revista “Linus” dentro das aventuras de “Neutron”. Corria o ano de 1965 e “Valentina” rapidamente afirmou-se como um símbolo do erotismo, embora só em 1967 tenha tido direito às suas próprias aventuras. Para além de ser uma BD de forte carisma erótico, possuía outros factores que fizerem elevar a arte de Crepax a um outro patamar: referências cinematográficas, literárias e melómanas abundam nas suas complexas histórias. Depois de Crepax a arte sequencial erótica Italiana nunca mais será a mesma. Refiram-se também outros personagens originais e adaptados do e pelo autor: “Anita”, “Bianca”, “Belinda”, “Justine” e “Emmanuelle”. Em português temos acesso às suas obras através das editoras Brasileiras L&PM, Martins Fontes, Opera Graphica e em Portugal pela chancela da Marginália “A História d’O”. Deixou muitas saudades.

MILO MANARA:


MILO MANARA (Maurilio Manara. Luson. 13/09/1945 - )
Fortemente influenciado pelo anterior, também no seu tempo deu novo fôlego e alterou a forma como o erotismo passou a ser desenhado e aproveitado pela Industria e seus intervenientes artistas. Em 1982, com a publicação da história “O Clic!” na revista Italiana “Playmen” o ainda jovem artista ganhou rápida notoriedade; depressa viu o seu trabalho internacionalizar-se com a publicação da aventura da bela e devassada aristocrata nas páginas da famosíssima e saudosa revista Espanhola “TOTEM”. Passados poucos anos vê o seu trabalho elevado a obra imprescindível, já com “O Perfume do invisível” publicado (1984) pela gigante Francesa Casterman na revista “(A SUIVRE)” e ter sido definitivamente editada, até hoje, pela Albin Michele.
As histórias do Manara surgem numa altura em que as histórias para adultos perdiam a força ganha nos meados dos anos 60 até meados dos anos 70 e num tempo em que o aparecimento das Graphic Novels nos EUA traziam novo estatuto à 9ª arte e aos seus intervenientes. Esta lufada de ar injectada nas mentes criativas da arte sequencial trouxe mais material para os anos 80 e seguintes.
Manara será o primeiro artista de BD a conseguir atrair o publico feminino às suas histórias visivelmente marcadas pela inegável máxima “as mulheres também têm fantasias sexuais”. Pese o facto de ser por muitas vezes repreendido e acusado por facções mais feministas de denegrir o belo-sexo, a verdade é que quem as profere tem muito pouco de belo e apesar de se auto-denominarem feministas pouco têm disso. Vejamos, apesar de à primeira vista as suas histórias parecerem subjugar as mulheres, submetendo-as à depravação dos homens que nelas habitam, a verdade é que são, na esmagadora maioria, fantasias tipicamente femininas e em que são as mulheres – sempre protagonistas principais, com excepção feita às aventuras de Giuseppe Bergman – que lideram toda a trama, acabando invariavelmente vencedoras. Podemos ainda considerar, do ponto de vista masculino, a vergonha que o autor nos faz propositadamente sentir por nos excitarmos com situações que são imorais (ex. esturpo), mas que no entanto, habitam o imaginário fértil e talvez desviante, no ideal moral que não pode ser desmentido e confessado em publico, de um grande número de mulheres – não todas, claro – que confessam, apenas anonimamente, fantasiar com isso. Enfim, não me cabe estar a defender o que quer que seja, apenas constato uma verdade editorial: tem mais publico feminino que masculino! No fundo, e parafraseando um crítico, as suas histórias são de um “espectáculo libidinoso irresistível às mentes mais livres!”.
Manara colaborou com outros grandes nomes da arte: Federico Felinni; Hugo Pratt; Neil Gaiman e mais recentemente com Alejandro Jodorowsky. Em Português conseguimos encontrar praticamente todas as suas obras.


SERPIERI:


SERPIERI (Paolo Euletri Serpieri. Veneza. 29/02/1944 - )
Escrever acerca de Serpieri como autor de BD, é escrever sobre a Druuna. Para quem já leu alguma das aventuras da Druuna, a visão de uma mulher de formas exuberantes e atitude ingénua e generosa já não consegue ser ultrapassada apenas pela imaginação, pois Serpieri já nos roubou isso. Druuna representa a mulher que qualquer um de nós, num dado momento, já sonhou…era do tipo de menina que faria qualquer um de nós, na rua, exclamar “Bendita seja a tua mamanzinha, minha linda!”. Não existem adjectivos suficientes para descrever a fartura e a sua falta de pudor. A par com o Manara, Serpieri é um dos maiores vultos do erotismo/pornográfico dos últimos 25 anos. Pelo que o Serpieri afirma, o personagem foi inspirado numa menina com quem ele se cruzou em Roma no começo da década de 80 (caso para blasfemar: “Meu Deus, ela existe!”). Lançado em 1985 o primeiro episódio da sua já extensa saga na revista L’Eternauta, Morbus Gravis (editado pela Meribérica), é talvez uma das séries com os personagens mais completos na ficção-cientifica erótico-pornográfica, pela infinidade de influências do cinema, da literatura, da BD e dos próprios Comics. O Mundo bizarro da heroína, povoado por monstros mutantes disformes, monstros humanos e pobres coitados que deambulam à mercê de um poder mal definido, é o palco apocalíptico das suas aventuras, que embora pejado de cenas de sexo muito explicito não abdica de um enredo complexo e completo. O traço de pormenor cheio, meticuloso e hiper-realista define o desenho do autor; também o não abdicar da perfeição no produto final possibilitou-nos ler os seus álbuns com todas as suas cores originais. Em Portugal poderemos encontrar o álbum Morbus Gravis e Druuna editados pela Meribérica e o álbum “O Planeta Esquecido” editado pela Norma. É uma lacuna enorme não terem sido publicados os outros; a Bagheera é a editora Francesa da série, embora os dois primeiros álbuns tenham tido a primeira edição na Dargaud.


ROTUNDO:



ROTUNDO (Massimo Rotundo. Roma. 11/04/1955 - )
O título deste post não é mais se não um dos títulos de BD erótica já publicado, o seu autor, Rotundo, por incrível que possa parecer, sem haver uma explicação plausível aparente, não se tornou numa celebridade Mundial. Na Itália é bem conhecido e aclamado. Nas suas histórias, cada detalhe da paisagem ou do ambiente é cuidadosamente construído como complemento para a beleza plástica inigualável da anatomia feminina que costuma construir; a sua arte também chama a atenção de qualquer leitor para o facto de cada espaço das suas pranchas ser ocupado por desenhos que impressionam pelo preciosismo. Rotundo inclui-se, sem sombra de dúvidas, na excelência dos guiões e arte da BD. Em Portugal não temos nenhum álbum deste autor publicado, mas isto não é novidade pois tão parco é o nosso acervo; mas no Brasil tem pelo menos duas obras suas publicadas pela chancela da L&PM, nomeadamente os Ex Libris eroticis I e II. Em Espanhol, na revista “El Víbora” era assíduo; também na revista Francesa “L’Echo des Savanes” publicou algumas das suas obras.
Um tanto polémico quanto aos temas dos seus álbuns, devido ao conteúdo mais hard-core, onde inclui bestialidade e zoofilia, mas consegue fazer ultrapassar esse impacto ao suavizar o contexto implícito.


TANINO:
TANINO (Gaetano Liberatore. Quadri. 12/04/1953 - )
Este Arquitecto autor de BD, em parceria com Stephano Tamburini, criou o herói cyberpunk desprovido de carácter, Ranxerox, que debutou no nº 3 da revista Cannibale em 1978 (em Português, na Animal). O autor era presença assídua nas revistas “El Víbora”, “L’Echo des Savannes”, “Heavy Metal”, “Metal Hurlant”, “(A Suivre)”, “Chic”, etc.
Tanino não se encaixa na categoria de um autor essencialmente erótico, mas atingiu o patamar de mestre Italiano das formas femininas. O sexo aparece nas suas histórias como parte do contexto e só muito raramente como interveniente principal; as ninfetas que abundam nas suas histórias (em especial a companheira do desmiolado e agressivo herói, Lubna), tão novas que são que nem peito têm, são parte integrante e desconcertante pelo carácter violento e sádico que as movem na perseguição dos seus intentos, sejam eles quais forem.
Um dos aclamados trabalhos deste autor, “Liberatore’s Women” (1998), oferece-nos o talento enorme do seu criador na forma de rabiscos, esboços, aguarelas, óleos (etc) de cerca de 110 beldades em todas as poses imagináveis (desde masturbação assistida às fantasias); é um tratado e uma homenagem às pin-ups.
Outra aventura fora de colecção e que eu faço questão aqui em referir, mais para os amantes de comics, é a “E.M.P.S.”. Esta aventura mistura sexo, política e loucura num País dominado por uma ditadura socialista, onde a repressão policial é extremamente violenta, mas em que no entanto o governo oferece aos seus cidadãos um serviço gratuito de assistência sexual (!). A história desenvolve-se quando um velho homossexual e sadomasoquista recorre à ajuda médica disponibilizada pela assistência sexual. O médico reserva surpresas, pois debaixo da sua roupa esconde o uniforme do Superman…um devaneio louco de Tamburini desenhado por Tanino.
De acordo com a sua própria biografia, Tanino, desde criança que é fascinado por sexo (e quem não é?!).

MAGNUS:



MAGNUS (Roberto Raviola. Bolonha. 30/05/1939 – 05/02/1996)
Como a maioria dos mestres Italianos no desenho erótico, Magnus, teve formação em artes plásticas antes de entrar no mundo da BD. Foi um apaixonado pela 9ª arte desde tenra idade, o que o levou ao Liceu Artístico para se tornar desenhador profissional; depois estudou cenografia e pintura na Academia das Belas Artes; finalmente terminou a leccionar desenho.
Em Português só me lembro de o ter lido na revista “Grandes Aventuras Animal” (com o seu “Necron”, escravo sexual da sua Frankesteiniana criadora Dra.Frieda Boher) e nos álbuns da Martins Fontes. Mas em Espanhol era grande a fartura, desde a revista “El Víbora” até à mais recente “Kiss”.
Começou nos caminhos do erotismo em 1965, em parceria com Luciano Secchi, numa série que se propunha “copiar” o sucesso de Diabolik. Acabaram por criar não uma, mas duas séries, “Kriminal”(aqui por baixo) e “Satanik” (Marnie Bannister), que é possível ler em Português através dos formatinhos da “Vecchi”.
Após ter sido descoberto o seu traço firme na construção e caracterização dos seus belos personagens, Magnus teve também direito a ver publicados os seus trabalhos nas melhores revistas de BD para adultos da França e da Itália; vê publicados também vários álbuns. Um dos seus mais famosos personagens foi o herói Alan Ford, que parodiava os agentes secretos muito em voga nos anos 60/70. Foi a partir de 1975, com a criação da série de sex-fiction “il Briganti”, que cada vez mais mergulhou na BD erótica de carisma grotesco onde o estilo policial e de horror se misturavam entre si e o erotismo; nesta linha a sua criação mais conhecida foi o personagem Milady, uma estonteante prostituta de luxo. Na década de 80 surge o seu personagem mais conhecido e já mencionado supra, Necron; versão radical do clássico da literatura de Mary Shelley, “Frankestein”. Termino este pequeno perfil com a sua obra-prima da BD erótica, “As 110 Pílulas”, baseada num dos episódios mais corrosivos do livro “Jin Ping Mei”, um clássico da literatura erótica chinesa, passado durante a dinastia Sung, no reinado de Hui Tsung, período que ficou conhecido como Cheng Ho (O Império Harmonioso).
Refiro, embora não se enquadre no erotismo, a sua mais longa história em fumetti: Tex.




SAUDELLI:


SAUDELLI (Franco Saudelli. Latina. 04/08/1952 - )
Este confesso amante do Bondage (como se pode ver na sua imagem de apresentação, na companhia da sua esposa, Francesca Casotto) é por nós conhecido através da revista – mais uma vez – “Animal”. O seu personagem fetiche e principal suspeita na notoriedade do seu criador, Bionda, é loura. Não é uma “loira burra”, pelo contrário, é uma loira ladra bem inteligente e estreou-se na “Comic Art” em 1987. Para além de experiências um tanto ou quanto futuristas, as proezas de Bionda giram em torno dos hábitos e vícios da sociedade de consumo moderna, em tom de sátira social e com muito erotismo. Bionda foi inspirada na actriz Kathleen Turner e nasceu da sua paixão, já referida, por temas de cativeiro.
Um dos primeiros trabalhos de Saudelli, o mais importante no lançamento da sua carreira foi o álbum “A Filha de Wolfland”; esta Graphic Novel é sem dúvidas um dos seus trabalhos com maior expressão. A história passa-se num país Europeu fictício, que se assemelha inequivocamente com a Alemanha dominada pelo Partido Nacional-Socialista de Hitler e a sua corrente Nazi, e tem como protagonista Muriel Kampf (referência à obra de Hitler, escrita durante o seu cativeiro). Embora não seja uma obra de erotismo puro, já possui algumas pranchas mais escandalosas onde o fetichismo impera.



GIARDINO: GIARDINO (Vittorio Giardino. Bolonha. 24/12/1946 - )
Um conhecido nosso, com álbuns editados pela Meribérica e pela ASA (também com outros editados pela Brasileira Martins Fontes), é, ao contrário da maioria dos seus congéneres autores de BD erótica, formado em Engenharia Electrónica. Só aos 30 anos de idade é que se decidiu dedicar à BD (felizmente para nós!).
Em 1983 criou o personagem “Little Ego”, que era antes de mais uma homenagem ao personagem de Winsor McCay, “Little Nemo” e às suas sonhadas deambulações pela Slumberland. Com “Little Ego”, Giardino procurou juntar o surrealismo do sonho com o erotismo em tom irónico. As suas histórias são curta, nunca ocupando mais de quatro páginas. Embora criada em 1983, só em Julho de 1984 é que a doce sonhadora debutou na “Glamour International Magazine”; a revista que depois a acolheu e a deixou sonhar sonhos molhados foi a “Comic Art” até 1989 – teve várias reedições noutras famosas revistas como a Heavy Metal e a Selecções da BD :-)
Não se pode dizer que seja um autor de BD erótica. Com a excepção da Little Ego não se conhece mais trabalho dele nessa área, mas a Little Ego é uma das minhas preferidas heroínas da BD erótica. Provavelmente a sua série mais conhecida seja “As Investigações de Sam Pezzo”, editada pela Martins Fontes.
Haveriam mais autores a merecer aqui serem referidos, com toda a certeza, mas acredito que consegui focar os principais pontos do erotismo na BD Italiana. Espero que tenham gostado e que não tenham apanhado uma grande seca.

11 comentários:

crucios disse...

bem devo dizer que apesar de estar excelente o post...exageraste um pouco no tamanho xD toquezinho de latim para apimentar está mt bom

Gustavo Carreira (requiem) disse...

Que post magnífico. Apenas conhecia os autores que enumeras ao início, pelo que esta lição é, deveras, didáctica para mim.

Deixo-te o endereço de um excelente blog (brasileiro) que conta com uma recente entrevista (embora pequena, para o que é costume do blog) a Serpieri.

http://maisquadrinhos.blogspot.com/2008/06/uma-entrevista-com-o-criador-de-druuna.html

Anónimo disse...

Muito bom,um bocadinho comprido mas vale a pena. :)

Anónimo disse...

O único artista de quem não conhecia nada é o Rotundo... Dos outros,bem digamos que este artigo traz-me algumas lembranças de tardes bem passadas.:-)
O meu artista favorito desses acima mencionados sempre foi o Manara, mesmo ele desenhando as moçoilas sempre da mesma maneira...até descobrir o universo do Serpieri e a sua Drunna bem fornecida de curvas. ;-D

Nuno Amado disse...

Xiii... grande posta!
Como diz o Gustavo, foi didático !
Serpieri forever! É o melhor, acho Druuna a melhor representação gráfica da mulher imaginada pela mente dos homens ! Isto para além da estória ser bastante boa e rica de detalhes, infelizmente em Português apenas estão editados os dois primeiros é o 10º ...

refemdabd disse...

He-he-he! E precisavam vocês de ver o texto integral!!! Ficou muito por dizer e também alguns autores mais por referir.Tinha muitas imagens expectaculares mas tive que me limitar a cerca de três por autor e também não quis por as mais escabrosas.

Bongop: De facto em Português só estão editados 3 álbuns: "Druuna"; "Morbus Gravis" e "O Planeta Esquecido" que é o 7º álbum da série (seguindo a numeração da Norma). Mas é exactamente isso "Serpieri rules"

A seguir, neste Blog, "DMZ". Imaginem uma segunda guerra civil Norte Americana e uma zona desmilitarizada onde reina a lei da selva: Manhattan.

refemdabd disse...

Gustavo: Obrigado pela dica.

Nuno Amado disse...

Pensava que "O Planeta Esquecido" era o 10º da série... O "Druuna" e o "Morbis Gravis" eu tenho da Meribérica! Todos os outros tenho em "formato digital"..........

Loot disse...

Que grande post e não uso a palavra só para o descrever em tamanho, está mesmo muito bom.

Este é daqueles que dá vontade de ler no papel em vez de no formato digital.

Aprendi muito, Obrigado.

Abraço

wizard disse...

Mee ncanta Saudelli. More please.Thanks from Barcelona, Spain

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.